O Brasil conseguiu nos anos 90 suas crianças e adolescentes de 7 a 14 anos na escola de ensino fundamental. Embora isto tenha ocorrido muito depois de alguns paises da América Latina, trata-se de um fato importante para um país de dimensões continentais e com uma história de muita desigualdade social.
Vencida esta etapa o debate educacional acontece agora, principalmente, em torno de duas questões. Por um lado há os que defendem a extensão da abrangência da inclusão no sistema de ensino formal. Na realidade, o direito de matrícula no ensino fundamental já foi estendido para as crianças de 6 anos. Mas há um esforço concertado e amplo apoio social para ampliação do acesso às creches para crianças de zero a três anos incompletos e, principalmente, à educação infantil para as crianças de três a seis anos incompletos. Por outro lado, muitos lutam pela melhoria do aprendizado dos alunos matriculados na escola básica. Esta visão não exclui a expansão do sistema, mas pontua que meramente matricular as crianças sem cuidar de seu aprendizado é apenas uma outra forma, mais cara e sofisticada de exclusão.
Ou seja, o Brasil vive um momento de transição, da época em que o sucesso de seu sistema escolar era avaliado apenas pelo acesso que proporcionava para uma situação onde tanto a permanência do aluno, assim como sua conclusão das várias etapas do ensino e também o seu aprendizado, são considerados indicadores de qualidade dos sistemas educacionais.
Estas discussões se dão, entretanto em um novo ambiente. Recentemente o Brasil passou a contar com dados de vários levantamentos com os quais se pode descrever de forma muito adequada a qualidade dos sistemas de ensino. O país dispõe de sistemas para a avaliação dos resultados do ensino básico, onde se destaca o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica. Este survey já foi realizado seis vezes produzindo em cada um dos ciclos dados que permitem construir uma série com a evolução dos indicadores de desempenho em leitura e matemática. Estas iniciativas nacionais, além da participação do país nas avaliações educacionais tanto na América Latina, organizadas pela Oficina Regional de Educação para América Latina e Caribe – OREALC, como no PISA, criaram as condições para que a temática da avaliação educacional voltasse a ocupar espaço na agenda de pesquisas educacionais.
A ABAVE – Associação Brasileira de Avaliação Educacional foi criada neste contexto de transição seja do problema fundamental da educação brasileira - do acesso para o aprendizado - seja na forma de verificação da adequação de políticas públicas educacionais: - da análise ideológica para a comprovação empírica dos resultados. Sua missão é promover o encontro de todos que se dedicam ao estudo da avaliação educacional e sua eficácia e viabilizar a discussão de idéias, através de suas reuniões e seminários. Entre seus membros encontram-se pesquisadores de Universidades, Institutos e Fundações e membros da administração pública e privada dos sistemas de ensino.
Neste sentido a ABAVE é a equivalente brasileira da REICE. Foi nesta perspectiva que o editor da REICE Professor Francisco Javier Murillo foi procurado com o objetivo de publicarmos os textos apresentados na primeira reunião da ABAVE.
Ao fim da reunião, os participantes, que assim o desejaram, submeteram seus textos para apreciação. Dois membros da comunidade foram nomeados relatores. O editor, de posse destes dois pareceres e de sua própria avaliação, tomou a decisão final sobre a conveniência da publicação, solicitando em muitos casos esclarecimentos e mudanças nos textos originais. Ao final deste processo foram selecionados os vinte textos que agora submetemos ao público.
Todo este trabalho não poderia ter sido completado sem a ajuda de muitos colegas, principalmente aqueles que se dispuseram a dar os pareceres sobre a conveniência da publicação, Tatiane Ferreira Campos, secretária da ABAVE fez com zelo e cuidado todos os contatos necessários. Um agradecimento especial é devido, entretanto a Verónica González, da Universidad de Aguascalientes que com perícia preparou a versão final dos originais.
José Francisco Soares
Presidente da ABAVE: 2003-2007