A interrupção dos estudos e o rendimento ao trabalho foram considerados como dois dos eventos típicos nas transições para a adultez. Em suas formulações clássicas, a perspectiva do ciclo de vida conceitualizou um modelo normativo de transição definido por uma seqüência linear de eventos previsíveis pautados por calendários socialmente regulados. Este enfoque não dá conta adequadamente de trajetórias que comportam períodos de afiliação intermitente e que conseqüentemente não respondem a um único evento transicional. A partir de informação retrospectiva sobre o Painel de estudantes uruguaios avaliados por PISA em 2003, tentarei mostrar, em primeiro termo, que o abandono dos estudos e o rendimento ao trabalho não constituem transições necessariamente definitivas. Em segundo lugar, analisarei, em base a um modelo logístico de tempo discreto, a incidência das experiências ocupacionais, antes e depois da primeira interrupção acadêmica, sobre a probabilidade de retomar os estudos. Os primeiros resultados sugerem que: a) a reversão de uma primeira interrupção acadêmica se joga essencialmente durante o primeiro ano fora da escola; b) a combinação trabalho-estudo constitui um risco para a continuidade educativa mas trabalhar ou não o fazer não afeta a possibilidade de uma reinserção; c) existe uma dupla segmentação social na desvinculación educativa: sobre a interrupção e sobre seu caráter temporario ou permanente; d) o rezago escolar e a interrupção por não cadrastamento (vs. abandono intra-anual), bem como a emancipação familiar diminuem as chances de que a desvinculación se reverta.
Cardozo, S. (2012). Trayectorias Alternativas en la Transición Educación-Trabajo. REICE. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, 10 (1), pp. 108-127.
http://www.rinace.net/reice/numeros/arts/vol10num1/art7.pdf. Acceso em (Data).